Telecartofilia designa o ato de colecionar cartões telefônicos.
Com o advento da moderna tecnologia dos cartões telefônicos, que
substituiu as moedas e, no Brasil, as antigas fichas telefônicas, as pessoas
começaram a colecioná-los, separando-os e classificando-os por países, categorias,
valores, temas ilustrativos, trocando-os e mesmo comercializando-os.
Atualmente, algumas peças alcançam valores expressivos nesse mercado,
o que estimula pessoas a colecioná-los como forma de investimento. Entre os
fatores que determinam a valorização de determinadas peças encontram-se a
tiragem reduzida, uma série específica, defeitos de fabricação, personalidades
do momento, eventos esportivos, culturais, etc.
A telecartofilia é uma forma de colecionismo em expansão, com um
grande número de adeptos. Isso pode ser explicado devido a que os cartões
telefônicos são baratos, fáceis de obter e manter, com temas variados e
ilustrações atraentes.
Tendo já dissertado sobre os porquês do colecionamento de CT, vamos
agora comentar como se pode colecionar estes objetos tão novos quanto
apreciados. (Este artigo foi sugerido durante a palestra que pronunciamos no
Encontro Nacional de Telecartofilia, realizado no Jardim Botânico, em São
Paulo).
Uma vez decidido: Vou colecionar CTs, uma pergunta se impõe: Como
colecionar? Parece simples, mas existem n respostas para esta indagação. Várias
e diferentes maneiras de colecionar podem ser adotadas. Vamos comentar algumas.
Tipos de Coleções
Para quem só conhece os CTs do Brasil, o modo inicial é evidentemente
ajuntar todos os que conseguir. Depois, à medida que se vai conhecendo melhor,
aparecem as possibilidades de se fazer vários tipos de coleção:
Cronológica - é a coleção onde entram todos os CTs em ordem de data da
emissão. É realmente a coleção do iniciante, mas que pode provocar o gosto e
estimular o entusiasmo pelo colecionismo.
Por séries - onde entram quaisquer tipos de séries. Série é o conjunto
de dois ou mais CT referentes ao mesmo assunto, emitidos pela mesma empresa,
seguindo o mesmo padrão.
Por assunto - separando-se os CTs pelo assunto a que se referem as
suas figuras, venham eles em séries ou isoladamente
Histórica - é a coleção que reúne os CTs comemorativos, de preferência
acrescentando dados históricos adicionais. Podem ser classificados pelos tipos
de eventos a que se referem e também pelas regiões onde ocorreram os fatos
De Publicidade - adquirindo-se os CTs de propaganda, que podem ser
separados em comércio, indústria, serviços, etc.
Para quem tem facilidade de conseguir CTs de vários países, existem
também várias maneiras de se fazer uma coleção:
Por país - um CT ou uma série de CTs dos diferentes sistemas usados em
cada país. É fascinante tentar conseguir CTs de diferentes países, não só pelo
desafio, como pelas possibilidades de novos conhecimentos sobre geografia. Vale
lembrar também a satisfação do intercâmbio postal que é um dos recursos usados
para contatos com colecionadores de qualquer país do mundo.
De estudo - onde se pesquisa a evolução do sistema usado nos telefones
públicos de um determinado país. A evolução dos cartões ópticos usados na Suíça
daria motivo a uma linda coleção, que certamente exigiria aprofundados estudos
e grandes despesas...
Temática - esta coleção é montada após um minucioso procurar pelos
catálogos e publicações pertinentes. Os CTs com as figuras úteis ao
colecionador, podem ser de quaisquer países, emitidos em qualquer data. Esta é
a mais intelectual das coleções. Exige sólidos conhecimentos do tema escolhido,
o que também estimula a busca por novos conhecimentos.
Por sistema - os CTs magnéticos fabricados pela URMET da Itália são
usados em 16 países. Já podem ser colecionados, seguindo-se o Catálogo
especializado publicado no ano passado.
Cuidados com os CTs
A seleção dos CTs que vão fazer parte da coleção deve ser rigorosa. Só
entram os perfeitos. Um critério deve ser estabelecido, aceitando-se uma certa
tolerância para os cartões mais raros que, mesmo danificados, podem permanecer
até se conseguir um realmente em ordem.
Independente do tipo de coleção que se adotar, os cuidados com os CTs
são os mesmos. Desde a maneira de se manusear os CTs até o seu armazenamento, o
colecionador deve prestar atenção aos mínimos detalhes.
O manuseio das peças que vão fazer parte de uma coleção deve ser
delicado, evitando o que se ve freqüentemente: a pessoa esfregar um CT no
outro, ao contar quantos comprou naquela remessa. Principalmente os cartões
brasileiros, que se deixam riscar pelo mais leve atrito. A marca das impressões
digitais deve sei evitada.
Muitos CTs usados merecem ser lavados. Água e sabão (neutro), melhoram
muito o visual de cartões que já passaram por maus momentos, isto é, foram
jogados no chão, no lixo, ou se inpregnaram de alguma impureza. Nem todos os
CTs toleram o uso de álcool para tirar restos de uma fita adesiva, por exemplo.
Aliás, nunca se deve usar fita adesiva diretamente sobre o CT. Um amigo em São
Paulo possui um método para esterilizar os CTs. Oportunamente o divulgaremos,
se ele permitir.
Material
De alguma forma os CTs devem ser guardados. Inicialmente, em uma
caixa, até que sejam separado segundo os critérios do colecionador e o tipo de
coleção a que ele vai se dedicar.
Envelopes individuais são absolutamente necessários para os CTs que
vão estar presentes em uma coleção que será exposta. Também os CTs em duplicata
merecem um envelope plástico individual, para evitar que se raspem uns nos
outros.
Para os colecionadores que não se preocupam ou não querem participar
de exposições, um álbum de folhas plásticas com 6 ou 8 bolsas é muito prático
para guardar os seus cartões. Deve-se tomar muito cuidado com a qualidade do
plástico usado, pois alguns de baixa qualidade costumam grudar nos cartões, às
vezes danificando a impressão. Este inconveniente é detectado após dois ou mais
anos de armazenamento.
Já para os que pretendem expor suas coleções, recomendamos montá-las
em folhas de papel sulfite (60 kg), tamanho carta (22 x 28 cm). É o formato
padrão das exposições filatélicas, que certamente será adotado pela
telecartofilia. Estas folhas devem ser inseridas em sacos plásticos
transparentes, para evitar perda em caso de se desprenderem alguns CTs do papel
suporte. E evitar os dedos dos curiosos...
Tanto as folhas de plásticos com bolsas individuais como as que
suportam papel sulfite devem ser guardadas em fichários/álbuns de dois, três ou
quatro furos, para se manterem em ordem e poderem ser confortavelmente
transportadas ou mostradas aos amigos.
Para qualquer tipo de coleção, o interessado deve levar em conta o
aspecto cultural do colecionamento. Aprender sempre, cultivar o bom gosto e o
capricho na apresentação da coleção. Desenvolver o sentimento de solidariedade
para com os outros colecionadores e enfrentar desafios, para atingir as metas
estabelecidas. Daí sim o colecionador terá condições e conhecimentos para
analisar as coleções alheias e "curtir" a sua própria coleção.