UMA MULHER ESQUECIDA PELA HISTÓRIA - Duzentos Cruzeiros “Dona Yayá”


Creio que muitos amigos conhecem essa nota. Peça muito conhecida por trazer o belíssimo Óleo sobre tela de Pedro Bruno. De fato, a alegoria icônica da cédula de 200 buscou homenagear o momento republicano e o artista, mas nem de longe buscou fazer justiça aos personagens que posaram para a feitura desta belíssima arte.

Essa cédula – como muitos gostam de chamar – é parte importante de muitos acervos notafilicos espalhados pelo Brasil. Mas não é somente na memória da numária brasileira que vive este pedaço do passado, vamos mostrar a história contada a partir de uma das mais belas alegorias já impressas no dinheiro brasileiro.

Corria o ano de 1886, quando chegou a ponta do Imbuhy (Niterói-RJ), na época um lugar totalmente deserto e sem vias de acesso, Flora Simas de Carvalho, uma jovenzinha, vinda de Recife, Pernambuco, esta, acompanhada de seu pai. No local se instalou e ajudou a fundar a aldeia Imbuhy, Dona Flora – como era conhecida - se casou com Francisco Bessa de Carvalho, e tornou-se, com o passar dos anos, a matriarca da família “Simas de Carvalho”.

Além da coragem e fé dispensados na fundação da aldeia de Imbuhy, a história reservou para a família o legado deixado por Dona Flora, pois no local, seus descendentes colhem os louros do esforço daquela jovem, e hoje são maioria da população local.

Em 1889, veio a maior das missões de Dona Flora, o então Presidente da República Marechal Deodoro da Fonseca, após derrubar o império brasileiro e proclamar a república, necessitava de alguém com talento no manuseio de linha, agulhas e tecido para dar vida a ideia do que seria o pavilhão nacional. Pelas mãos de uma jovem seria confeccionada a primeira bandeira do Brasil.

Mais tarde, a efígie da República seria novamente utilizada nas notas do padrão Real que estão em vigor.

Dona Flora, de fato foi convidada pelo Marechal Deodoro da Fonseca para a missão, mas outros detalhes ainda mais pessoais abrilhantam a missão dessa jovem brasileira, apelidada de Dona Yayá, pois contava com apenas 16 (dezesseis) anos de idade, e já era conhecida como excelente bordadeira no Rio de Janeiro. Essa brasileira cumpriu com brilho e honra a importante missão, colocando o seu nome e de sua família definitivamente na história do Brasil.

A bandeira que foi bordada por Dona Yayá, subiu ao mastro pela primeira vez no dia 19 de novembro de 1889, em frente ao Ministério da Guerra, hoje Palácio Duque de Caxias, fazendo parte atualmente do acervo do Museu Imperial, localizado em Petrópolis- RJ.

Infelizmente muitas personagens da história do Brasil são esquecidas pela maioria dos brasileiros. O trabalho árduo como historiador, numismata e notafilista, me fizeram perceber e querer resgatar essa história por meio de estudos e pesquisas, recolocando e recontando fatos de uma cultura e de uma história que já estava esquecida.


Autor: Pedro Bruno - Data: 1919 - Óleo sobre tela - Localização: Museu da República
Retratando Flora Simas de Carvalho bordando a bandeira nacional aos 16 anos.




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