IV Centenário da Descoberta da Índia



Valor facial: 200 réis (2 tostões)
Metal: prata 916,6
Diâmetro: 24 mm
Peso: 5 g


Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Gravador: Venâncio Alves
Tiragem: 250.000



Valor facial: 500 réis (5 tostões)
Metal: prata 916,6
Diâmetro: 30,5 mm
Peso: 12.5 g

Bordo: serrilhado
Eixo: horizontal
Gravador: Venâncio Alves
Tiragem: 300.000



Valor facial: 1.000 réis (10 tostões)
Metal: prata 916,6
Diâmetro: 37 mm
Peso: 25 g

Bordo: serrihado
Eixo: horizontal
Gravador: Venâncio Alves
Tiragem: 300.000

Ano: 1898
Legislação: Lei de 21 de Maio de 1896 e Decreto de 23 de Junho de 1896

Todas as moedas apresenta as seguintes descrições:

A/: CARLOS I E AMÉLIA RAINHA DE PORTUGAL – Os bustos dos reis de perfil, à esquerda; na frente D. Carlos com a farda de generalissímo do exército português, a banda das três ordens militares, e comendas; ao fundo, D. Amélia, decotada e com um colar de pendentes. Os bustos ocupam o campo da moeda; um circuito granulado liga o campo ao rebordo liso; à volta das figuras, dentro de um circulo granulado, lê-se a legenda. O bordo é denteado.

R/: 4º CENTENÁRIO DA DESCOBERTA DA ÍNDIA e por baixo, o valor facial de 200, 500 ou 1000 RÉIS. Ao meio a Cruz de Cristo vasada, cantonada por quatro florões de quatro pétalas iguais; à volta, a legenda IN HOC SIGNO VINCES, aberta e fechada por dois florões com as duas pétalas longitudinais maiores; entre os extremos desta legenda estão as datas da comemoração, 1498-1898, tudo dentro de um circulo granulado, que envolve todo o cunho.

A história das moedas

Corria o ano de 1889 quando numa sessão da Sociedade de Geografia de Lisboa foi aprovada uma proposta para que em 1897 se celebrasse dignamente o 4º Centenário da partida de Vasco da Gama para a Índia. Obtido o concurso da Câmara Municipal de Lisboa, bem como de várias associações culturais e científicas, tentou a Sociedade de Geografia obter também o empenhamento do Governo nessas celebrações, que se pretendiam de âmbito nacional.

Após cinco anos de redobrados esforços, conseguiu-se finalmente, por decreto de 15 de Maio de 1894, a nomeação de uma Comissão encarregada de preparar, organizar e dirigir os festejos de tão histórico acontecimento.

Coube a essa Comissão, presidida por Manuel Pinheiro Chagas, apresentar ao Governo o projecto e programa das celebrações, no qual constava, entre outros requisitos, a criação de uma série monetária especial, de moedas de prata, para, com o produto da sua emissão se acorrer às despesas gerais das celebrações.

Aprovada pelas Cortes Gerais, essa amoedação viria a ser sancionada por D. Carlos I pela Carta de Lei de 21 de Maio de 1896, a qual contemplava a emissão de três moedas de valores 1000, 500 e 200 réis, "Comemorativa da celebração do quarto centenário da partida de D. Vasco da Gama para o descobrimento da Índia" (artº 1º, nº 1).

Vicissitudes de vária ordem incluindo, segundo narrativas da época, a falta de entusiasmo por parte do Governo, originaram que se chegasse às vésperas do Centenário sem que a respectiva celebração estivesse convenientemente preparada (característica, aliás, que teima em persistir nos hábitos nacionais ...).

Em alternativa adiou-se a celebração para o ano seguinte, 1898, aniversário da chegada de Vasco da Gama à Índia, passando deste modo a celebrar-se o 4º Centenário da Descoberta da Índia, legenda que ornamenta o reverso das moedas então cunhadas.

Nasceram assim as primeiras moedas especiais, de carácter comemorativo, da numismática nacional, criadas com um duplo objectivo, financeiro e cultural: acorrer às despesas inerentes da preparação e organização do centenário, e comemorar universal e perpetuamente esta celebração.

Desde então e até 1930, todas as emissões de moedas comemorativas portuguesas obedeceram ao esquema inicial delineado em 1894: como peças monetárias de prestigio, testemunhavam por todo o Mundo acontecimentos importantes da História de Portugal; como moedas, permitiam gerar fundos que financiavam as próprias despesas das diversas celebrações, sem ocasionar agravamentos do erário público ou dos contribuintes.

As moedas principiaram a correr em Maio de 1898. As de 1.000 e 500 réis terminaram o seu curso legal em 31 de Março de 1918, por Decreto de 22 de Dezembro de 1917. A de 200 réis foi recolhida por força do Decreto de 9 de Setembro de 1908 e findou o prazo de circulação em 30 de Novembro de 1909, por Decreto de 30 de Junho.

Descoberta do Caminho Marítimo para a Índia

Esta foi a primeira viagem realizada directamente da Europa para a Índia, pelo Atlântico, sob o comando do navegador português Vasco da Gama, no reinado do rei D. Manuel I, em 1497-1499. Uma das mais notáveis viagens da Época dos Descobrimentos que consolidou a presença marítima e o domínio das rotas comerciais pelos portugueses.

O projecto para o caminho marítimo para a Índia foi delineado por D. João II como medida de redução dos custos nas trocas comerciais com a Ásia e tentativa de monopolizar o comércio das especiarias. A juntar à cada vez mais sólida presença marítima portuguesa, D. João almejava o domínio das rotas comerciais e expansão do reino de Portugal que já se transformava em Império. Porém, o empreendimento não seria realizado durante o seu reinado. Seria o seu sucessor, D. Manuel I que iria designar Vasco da Gama para esta expedição, embora mantendo o plano original.

Num sábado, a 8 de Julho de 1497, Vasco da Gama zarpou de Belém em demanda da Índia. Era uma expedição essencialmente exploratória que levava cartas do rei D. Manuel I para os reinos a visitar, padrões para colocar, e que fora equipada por Bartolomeu Dias com alguns produtos que haviam provado ser úteis nas suas viagens, para as trocas com o comércio local. Contava com cerca de cento e setenta homens, entre marinheiros, soldados e religiosos, distribuídos por quatro embarcações:

A expedição partiu de Lisboa, acompanhada por Bartolomeu Dias que seguia numa caravela rumo à Mina, seguindo a rota já experimentada pelos anteriores exploradores ao longo da costa de África, através de Tenerife e do Arquipélago de Cabo Verde. Após atingir a costa da actual Serra Leoa, Vasco da Gama desviou-se para o sul em mar aberto, cruzando a linha do Equador, em demanda dos ventos vindos do oeste do Atlântico Sul, que Bartolomeu Dias já havia identificado desde 1487. Esta manobra de "volta do mar" foi bem sucedida e, a 4 de Novembro de 1497, a expedição atingiu novamente o litoral Africano. Após mais de três meses, os navios tinham navegado mais de 6.000 quilómetros de mar aberto, a viagem mais longa até realizada em alto mar.

A 16 de Dezembro, a frota já tinha ultrapassado o chamado "rio do Infante" (na actual África do Sul) - de onde Bartolomeu Dias havia retornado anteriormente - e navegou em águas até então desconhecidas para os europeus. No dia de Natal, Gama e sua tripulação baptizaram a costa em que navegavam o nome de Natal (actual província KwaZulu-Natal da África do Sul).

A 2 de Março de 1498, completando o contorno da costa africana, a armada chegou à costa de Moçambique, após haver sofrido fortes temporais e de Vasco da Gama ter sufocado com mão de ferro uma revolta da marinhagem. Na costa Leste Africana, os territórios controlados por muçulmanos integravam a rede de comércio no Oceano Índico. Em Moçambique encontram os primeiros mercadores indianos. Inicialmente são bem recebidos pelo sultão, que os confunde com muçulmanos e disponibiliza dois pilotos. Temendo que a população fosse hostil aos cristãos, tentam manter o equívoco mas, após uma série de mal entendidos, foram forçados por uma multidão hostil a fugir de Moçambique, e zarparam do porto disparando os seus canhões contra a cidade.

O piloto que o sultão da ilha de Moçambique ofereceu para os conduzir à Índia havia sido secretamente incumbido de entregar os navios portugueses aos mouros em Mombaça. Um acaso fez descobrir a cilada e Vasco da Gama pôde continuar.

Na costa do actual Quénia a expedição saqueou navios mercantes árabes desarmados. Os portugueses tornaram-se conhecidos como os primeiros europeus a visitar o porto de Mombaça, mas foram recebidos com hostilidade e logo partiram.

Em Fevereiro de 1498, Vasco da Gama seguiu para norte, desembarcando no amistoso porto de Melinde - rival de Mombaça - onde foi bem recebido pelo sultão que lhe forneceu um piloto árabe, conhecedor do Oceano Índico, cujo conhecimento dos ventos de monções permitiu guiar a expedição até Calecute, na costa sudoeste da Índia. 

A 20 de Maio de 1498, a frota alcançou Kappakadavu, próxima a Calecute, no actual estado indiano de Kerala, ficando estabelecida a rota no Oceano Índico e aberto o caminho marítimo dos Europeus para a Índia.

A 12 de Julho de 1499, depois de mais de dois anos do início desta expedição, entra a caravela Bérrio no rio Tejo, comandada por Nicolau Coelho, com a notícia que iria emocionar Lisboa: os portugueses chegaram à Índia pelo mar. Vasco da Gama tinha ficado para trás, na ilha Terceira, preferindo acompanhar o seu irmão, gravemente doente, renunciado assim aos festejos e felicitações pela notícia.

Das naus envolvidas, apenas a São Rafael não regressou, pois teria sido queimada por incapacidade de a manobrar, consequência do reduzido número a que se via a tripulação no regresso, fruto das doenças responsáveis pela morte de cerca de metade da tripulação, como o escorbuto, que se fez sentir mais afincadamente durante a travessia do Oceano Índico. Apenas 55 dos 148 homens que integravam a armada sobreviveram a este grande feito.

Vasco da Gama retornava ao país em 29 de Agosto e seria recebido pelo próprio rei D. Manuel I com contentamento que lhe atribuía o título de Dom e grandes recompensas.

Bibliografia
INCM - Imprensa Nacional - Casa da Moeda - www incm.pt
Diário da República Electrónico - www.dre.pt
TRIGUEIROS, António Miguel, "Moedas Comemorativas de Portugal" in Revista Petrovisão n.º 26 - Junho 1984
Wikipédia - pt.wikipedia.org
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